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HPV na boca e câncer de orofaringe

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A doença causada pelo vírus do papiloma humano (HPV) é uma afecção sexualmente transmissível bem comum, com taxa de infecção de cerca de 54,6% dentre os jovens de 16 a 25 anos no Brasil, de acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde. O HPV pode ser encontrado na área genital, além de boca e garganta. Geralmente, este vírus causa verrugas benignas mas, na maioria das vezes, as infecções por HPV permanecem indetectáveis e se resolvem sozinhas, sem quaisquer complicações. Entretanto, apesar de menos comum, é importante saber que há conexão entre um tipo específico de HPV no desenvolvimento de câncer bucal e oral.

HPV na boca e câncer de orofaringe

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), 72% dos tipos de câncer bucal que afetam a parte de trás da boca, amígdalas e garganta (ou seja, a orofaringe) estão relacionados ao HPV. Um estudo recente realizado pelo Instituto Nacional de Câncer demonstra que a linhagem particular de vírus que está ligada mais intimamente com câncer de orofaringe é o HPV 16. Embora 38,4% dos participantes da pesquisa do Ministério da Saúde estivessem infectados pelo HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer, com base em avaliações da Fundação de Câncer de Boca, a maioria das pessoas não desenvolve a doença devido à resposta imunológica individual.

Riscos de câncer de orofaringe

Mesmo que suas chances de desenvolver câncer de orofaringe sejam pequenas, o número de casos associados ao HPV oral tem aumentado. Nos Estados Unidos, caucasianos não fumantes entre as idades de 35 e 55 anos são o grupo de maior risco. Na verdade, os homens neste grupo têm um risco de 4 para 1 em comparação com as mulheres. Condições como sistema imunológico debilitado devido às doenças como HIV/AIDS ou medicamentos administrados após transplantes de órgãos, também podem aumentar o risco, bem como o número de parceiros sexuais e a prática de sexo oral.

Sinais de câncer de orofaringe

Um grande problema é que os casos de câncer de orofaringe ligados ao HPV 16 são mais difíceis de detectar do que os causados pelo tabaco, pois os sintomas são muitas vezes subestimados, indolores e nem sempre são evidentes para você ou para o seu médico ou dentista. Por isso, exames orais visuais e táteis de rotina são os meios mais eficazes na detecção de câncer bucal em seus estágios iniciais.

Assim, se você apresentar algum dos seguintes sintomas, e eles não desaparecerem dentro de duas a três semanas, consulte o seu médico ou dentista imediatamente:

  • Dor de garganta ou inchaço sem dor nas amígdalas (as amígdalas devem parecer simétricas);
  • Tosse constante ou voz rouca;
  • Dor ao mastigar ou engolir, ou sensação de que o alimento está grudando em sua garganta ao engolir;
  • Dor de ouvido de um único lado há mais do que alguns dias;
  • Nódulo indolor, mas perceptível na parte externa do seu pescoço por mais de 2 semanas;
  • Dormência em qualquer parte da boca ou lábios;
  • Ferida na boca por mais de duas ou três semanas;
  • Coloração anormal (vermelha, branco ou preta) dos tecidos moles da boca.

Opções de tratamento

Caso você receba um diagnóstico de câncer bucal ou de orofaringe, existem várias opções de tratamento que podem ser discutidas com seu médico. Provavelmente, você vai contar com uma equipe de profissionais de cuidados de saúde, como um otorrinolaringologista, um cirurgião oral, um radioterapeuta e/ou médico oncologista. Especialistas em nutrição, enfermeiros, assistentes sociais e fonoaudiólogos também podem ajudar no tratamento.

As principais possibilidades de tratamento incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia direcionada, mas a Sociedade Americana de Câncer recomenda buscar uma segunda opinião médica antes de tomar alguma decisão.

A vacina contra o HPV

Hoje já existem vacinas que protegem contra certos tipos de HPV que estão disponíveis para ajudar a prevenir câncer do colo do útero e em torno da área genital, bem como câncer de orofaringe e verrugas genitais. A recomendação do Ministério da Saúde é que todos os pré-adolescentes, meninas e meninos, sejam vacinados antes dos 14 anos de idade. A vacina é distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

Apesar de muitos adultos sexualmente ativos contraírem algum tipo de HPV ou HPV oral sem chegar a desenvolver quaisquer problemas de saúde, ainda assim é importante vacinar seus filhos, visitar o dentista regularmente para exames de rotina para detecção de câncer, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de reconhecer os sinais do câncer bucal. É imprescindível ligar para o médico ou dentista se os sintomas persistirem.

Este artigo tem como objetivo informar e difundir o conhecimento sobre tópicos gerais de saúde bucal. Esse conteúdo não deve substituir a orientação, o diagnóstico nem o tratamento profissional. Sempre procure a orientação do seu dentista ou de outro especialista para quaisquer dúvidas que você possa ter com relação à sua condição médica ou ao seu tratamento.