Algumas pessoas não ficam esperando pelas consultas com o dentista da mesma maneira em que esperam pelas consultas com o médico. Mesmo que a maioria dos procedimentos odontológicos não causem dor, o simples fato de serem examinadas faz com que as pessoas se estressem.
Para a maioria das pessoas, é possível conviver com a ansiedade de saber que tem que ir ao dentista. Para aqueles que têm fobia, por outro lado, só o pensamento de uma consulta com o dentista já é aterrorizante, podendo até fazer de tudo para evitar uma ida ao consultório.
A fobia é um medo intenso e irracional. As pessoas podem ter medo de atividades, objetos ou situações específicas. Pessoas com medo de dentista frequentemente deixam de lado por anos, às vezes até décadas, a sua rotina de cuidados com os dentes e a boca. Para evitar isso, acabam convivendo com doenças periodontais, dor e até dentes quebrados ou com aparência ruim.
Ansiedade odontológica e medo de dentista (odontofobia) são extremamente comuns. Estima-se, por exemplo, que 9% a 15% da população dos Estados Unidos evita ir ao dentista devido a ansiedade e medo. Trata-se de 30 a 40 milhões de pessoas. Conforme uma pesquisa realizada pela British Dental Health Foundation, 36% das pessoas que não foram ao dentista regularmente disseram que o medo era o principal motivo.
Costuma-se usar as palavras "ansiedade" e "fobia" para dizer a mesma coisa, mas elas são completamente diferentes.
Aqueles que sofrem de ansiedade odontológica vão sentir uma sensação de desconforto quando chegar a hora da consulta. Vão se preocupar excessivamente e podem ficar com medo sem razão aparente. Odontofobia, por outro lado, é uma condição médica séria. É um medo intenso ou pavor. Pessoas com medo de dentista não são só ansiosas, mas ficam aterrorizadas e com pânico.
Pessoas com medo de dentista estão mais sujeitas a doença periodontal e perda precoce de dente. Evitar ir ao dentista pode ter um custo emocional também. Dentes danificados ou com coloração alterada podem deixar as pessoas inseguras. Elas podem vir a sorrir menos e a tentar manter as suas bocas parcialmente fechadas quando falarem. Alguns ficam tão envergonhados com os seus dentes que isso chega a impactar a sua vida pessoal e profissional. Geralmente, há uma perda importante de autoestima.
Pessoas com odontofobia podem estar sujeitas também a uma saúde ruim e a uma expectativa de vida menor. Isso se dá por conta da saúde bucal precária, que tem relação com algumas condições que apresentam risco de vida, como doenças cardíacas e infecções pulmonares.
Existem vários graus de ansiedade odontológica e odontofobia. Num grau extremo, um odontofóbico pode acabar nunca indo ao dentista. Outros podem se forçar a ir, mas vão passar a noite em claro antes da consulta. Não é incomum que não se sintam bem (em alguns casos, podem realmente ficar doentes) enquanto estão aguardando na sala de espera.
A odontofobia, como qualquer outro transtorno mental, pode ser tratada. Sem tratamento, é possível que piore com o tempo. Isso se dá porque o estresse emocional pode fazer com que as consultas ao dentista sejam mais desconfortáveis do que deveriam ser.
Pessoas tensas tendem a ter um baixo limiar de dor. Isso significa que podem sentir dor quando outras pessoas não estariam sentindo ou então que sentiriam mais dor do que deveriam. Podem até precisar de anestesia extra ou outros tratamentos para a dor. Inclusive, podem desenvolver problemas relacionados ao estresse em outras partes do corpo, como, por exemplo, dores de cabeça, rigidez muscular no pescoço ou nas costas.
Causas da ansiedade odontológica e do medo de dentista
Desenvolve-se ansiedade odontológica e medo de dentista por vários motivos. No entanto, ao entrevistarem pacientes, os pesquisadores se depararam com alguns aspectos em comum.
Dor – Numa pesquisa com pessoas que ficaram sem ir ao dentista durante um ano, para 6% o medo da dor foi o motivo principal. O medo da dor é mais comum em adultos com 24 anos ou mais. A razão disso seria que essas consultas prévias teriam ocorrido antes de muitos dos avanços da odontologia, cuja preocupação nos últimos anos tem sido promover procedimentos indolores para o paciente.
Sentimento de desamparo e perda do controle – muitos desenvolvem as fobias, como medo de viajar de avião, em situações nas quais não têm controle. Quando se veem sentados na cadeira do dentista, precisam ficar parados. Sentem que não conseguem ver o que está acontecendo ou prever o que pode vir a machucá-los. É comum que as pessoas se sintam desamparadas e sem controle da situação, o que pode acabar sendo um gatilho para a ansiedade.
Constrangimento – a boca é uma parte íntima do corpo humano. As pessoas podem se sentir constrangidas ou ficarem com vergonha por ter um estranho olhando para dentro delas. Mais especificamente, isso se torna um problema quando estão cientes do estado dos seus dentes e sentem vergonha deles. Tratamentos odontológicos também demandam proximidade física. Durante um procedimento, o dentista pode ficar com o rosto a poucos centímetros do seu, e há quem fique ansioso e desconfortável com isso.
Experiências anteriores negativas – qualquer um que tenha sentido dor ou desconforto durante algum procedimento está sujeito a ficar mais ansioso na sua próxima vez no dentista.
Sintomas
Não tem um limite claro que separa ansiedade "normal" de uma fobia. Todo mundo tem medos e preocupações e lida com isso de jeitos diferentes. No entanto, a perspectiva de ter que se submeter a algum procedimento não precisa aterrorizar ninguém. Se aterroriza, então você pode estar precisando de ajuda para superar esses medos.
Alguns sinais de odontofobia:
Você se sente tenso ou tem problemas para dormir na noite antes da consulta;
Você vai ficando mais e mais nervoso enquanto aguarda na sala de espera;
Você tem vontade de chorar quando pensa que vai ao dentista; ver os instrumentos do dentista ou o jaleco branco dos funcionários do consultório já deixa você ansioso;
O mero pensamento de ir ao dentista deixa você doente fisicamente;
Você fica em pânico ou tem dificuldade para respirar quando objetos são colocados na sua boca durante uma consulta regular.
Se essas descrições se encaixam como uma luva para o seu caso, você precisa contar ao seu dentista sobre seus receios, medos e como se sente. Ele ou ela vai ajudá-lo a superar esses sentimentos mudando a maneira como você é tratado. Pode ser também que encaminhe você para um profissional de saúde.